quarta-feira, 16 de abril de 2014

f(x)

Eles eram tão diferentes e ao mesmo tempo tão iguais.Tão opostos e tão atraentes um ao outro. Ela, uma garota de vinte e dois anos, cabelos coloridos e gostos exóticos. Apaixonada por bandas feministas, coisas mórbidas, filmes dos anos 80 e gatos pretos. A palavra que resume a sua vida é independência. Odeia esperar, odeia pedir, odeia quem diga o que ela precisa fazer ou aponte erros e defeitos nela, por mais que ela seja totalmente imperfeita. Ele tem vinte e sete, gosta de música eletrônica e ainda vive com os pais. Tem hobbies comuns como jogar futebol com os amigos, praticar cooper pela manhã e levar o cachorro pra passear. É alérgico a gatos e ainda vai no culto aos domingos.
As chances desses dois se encontrarem é uma em 9 bilhões, mas o destino é sádico e era óbvio que não só isso iria acontecer, mas coisas pior. Sempre existe um amigo em comum. Algumas pessoas acreditam em uma teoria de que todas pessoas no mundo são ligadas por até seis outras pessoas, de uma forma ou de outra. Eu acreditei nisso depois que eles acabaram se conhecendo. Porque a melhor amiga dela começou a sair com o primo de um colega que jogava futebol com ele. Foi em um sábado qualquer, em um bar qualquer. Aniversário desse colega chato que insistiu para que ele fosse, por mais que ele não quisesse beber, já que sua mãe não ia gostar muito da ideia. Mas ele foi, e bebeu, porque quando colocou os olhos nela achou que ela o acharia um idiota filhinho da mamãe se não tomasse ao menos uma cerveja. No fim ele estava certo. Ela o achou mesmo um completo idiota, mas como ele ficou grande parte da noite avulso pelo bar ela decidiu ser legal e falar com ele. Ela gostava de ser legal com estranhos, sentia-se bem consigo mesma. E não se arrependeu. Foi engraçado como tudo foi acontecendo enquanto o tempo passava. Ela se sentia estranha tendo que apresentá-lo a coisas tão simples que ela fazia que ele nunca havia feito, como fumar um cigarro ou escutado uma banda de rock de verdade. Ninguém acreditava que eles dariam certo, que aquilo fosse durar, mas a verdade é que tudo aquilo que eles tinham de diferente acabou se tornando o pretexto que precisavam para ficar sempre juntos. Um se permitia aprender um pouco do universo do outro, por mais que tenha sido bizarro uma garota de cabelos cor de rosa e tatuagem nos braços aparecer no culto de domingo, mas ela tentou. Porque ele pediu. E ele fumou. Porque ela pediu. Aqui vai a frase mais clichê que a gente pode ouvir na vida: O amor tem razões que a própria razão desconhece. E as vezes nem a razão precisa existir. Basta você querer e que se foda todo o resto. No fim todos estavam certos, aquilo não durou de verdade. Dois meses foram o suficiente para os dois sacarem que nenhum deles queria mudar os seus valores. Mas no fim, aquilo aconteceu de verdade, mesmo todo mundo negando e apontando motivos.
E eles foram felizes, mesmo que por um curto espaço de tempo.
Mesmo que ninguém acreditassem nisso.

terça-feira, 11 de março de 2014

fuckfuckfuckfuck

Eu desapareci, eu sei.
Estava ocupada demais fazendo coisa alguma, ou reclamando da existência do universo. Eu faria um post diferente hoje, mas eu vou responder uma pergunta que fizeram pra mim nos comentários.

Minha tatuagem.
Eu tinha treze anos e, como todo adolescente, era revoltada com a vida (não que hoje eu não seja mais, mas a coisa toda começou por aí). Eu sempre só andei com garotos, matava aulas e fumava 1/2 maço de cigarro no beco atrás da igreja. Não sei o que era mais pecado, fumar ou fazer isso nos fundos de um lugar considerado sagrado. Eu era a única garota no meio dos rebeldes do colégio, e não preciso falar que eu nunca fui considerada como uma. Era apenas "one of the boys". O que me leva ao Caio. Caio era o líder desse grupinho de encrenqueiros que eu andava, e a todo momento eu sempre tentava fazer de tudo para impressioná-lo e ele notar que eu era garota e que eu estava ali se ele quisesse. Foi pra ele me notar que eu furtava coisa das lojas, xingava os professores no colégio, bebia desenfreadamente nos fins de semana e dei o meu primeiro beijo em outra garota. (Essa parte eu preciso agradecê-lo imensamente, obrigada Caio.). Foi por causa dele também que eu fiz essa tatuagem aos 14. Caio decidiu que queria fazer uma tatuagem, e mesmo que com 15 anos, ele precisava fazer uma tatuagem. E se Caio fosse fazer qualquer coisa que fosse, significava que todos nós devíamos fazer. Nós eramos em 5, e um dos garotos conhecia um tatuador amigo do irmão mais velho dele que topava nos tatuar mesmo sendo menor de idade, contato que pagássemos o dobro do valor. Dinheiro, é sempre dinheiro, não é mesmo?
Eu não tava nem ai se era uma tatuagem ou um transplante de órgãos, contato que eu fizesse aquilo bem feito e provasse pro Caio que eu podia fazer tudo o que ele quisesse sem reclamar. Eu não me importava se se o cara era confiável, se o lugar era decente ou se aquilo ia ficar gravado pra sempre na minha pele. Eu nunca me importei com muita coisa, essa é a verdade, e de decente o lugar não tinha de nada. O estúdio (se é que pode ser chamado assim) era nos fundos da casa do cara, e tudo se resumia a máquina de tatuagem e uma cama velha. Mas eu não era da vigilância sanitária, e o que importa na história não é esse detalhe e sim o que aconteceu quando chegamos lá.
Caio foi o primeiro, é claro. Ele tatuou uma faixa preta no bíceps que demorou umas boas horas. Agora, a questão era que o nosso grupo de rebeldes, não tinha muitos rebeldes de verdade, se é que vocês me entendem. Quando os garotos viram o Caio sendo tatuado, todos cagaram nas calças e ninguém mais quis fazer porra nenhuma. E foi bem ali que eu vi a minha chance, eu podia provar que eu era alguém (hoje eu sei que não é assim que se prova nada, mas na ocasião eu juro que valeu a pena).
O problema é que eu estava tão bitolada com a ideia de fazer uma tatuagem em si, que eu nem sabia o que é que eu faria afinal. Fiquei meio fora de órbita quando o cara me perguntou o que eu tatuaria.
"Qualquer coisa", foi o que eu pensei, mas soaria estúpido demais. E se tinha uma coisa que eu não queria, era que Caio me achasse uma garotinha estúpida.
A primeira ideia era "Rape Me", que acho que todo mundo sabe o que significa, e também era a minha música preferida do Nirvana na época. Eu juro que eu teria feito isso, mas Caio falou que não era uma boa ideia, então eu deixei pra lá.
Aquele dia eu sai com um "fuck" em letras garrafais no pulso, e quando fomos pra casa e os garotos foram embora, Caio perguntou se eu queria subir pro quarto dele, então eu soube que tinha valido a pena aquela merda toda.
Nós nunca mais nos pegamos depois daquele dia, mas só aquela vez já havia sido o suficiente pra mim, eu nunca fui uma garota que sonhava em namorados perfeitos e uma primeira vez especial. Se bem, olhando pra trás hoje, até que aquilo foi especial. Não é todo mundo que transa depois de fazer uma tatuagem ilegal e com o cara mais cobiçado do colégio.

ps: Talvez eu responda alguns comentários de vocês quando achar que devo.

quarta-feira, 5 de fevereiro de 2014

paixão é o caralho

Sabe aquelas historinhas que os amigos contam que estavam na rua e de repente vê o amor da sua vida? Eu sempre achei que isso era a maior merda que as pessoas falam na vida, até algumas semanas a trás, porque foi quando eu vi aquele cara pela primeira vez.
A questão é a seguinte: eu faço uma breve caminhada entre o trabalho e a minha casa, três quarteirões pra ser mais exata. Minha mãe diz que eu deveria pegar o ônibus, mas eles me irritam. A verdade é que esperar me irrita, eu não tenho nem um pingo de paciência de esperar dez ou quinze minutos pra aparecer um ônibus lotado e você tenha que esperar mais outro e mais outro e mais outro. Não tenho paciência pra nada em geral. De qualquer forma não é sobre isso que vou falar nesse post, e sim sobre ele.
Eu caminhava a passos largos, como faço todos os dias, com os headphones estourando algum rock pesado, ignorando todo o restante do mundo e me fechando sob minha redoma de vidro. Normalmente tudo acontece como tem que ser, mas duality tocava e eu me perco um pouco no refrão dessa música. Acho que eu fechei os olhos por dois segundos e não percebi que o semáforo tinha trocado de vermelho pra verde, quando eu voltei a abrir os olhos um carro vinha na minha direção e por um segundo eu pensei que aquilo tudo estava okay pra mim, mas alguém me puxou e eu cambaleei de volta pra calçada.
Ele ainda me segurava pelos ombros e seus lábios se movimentavam, mas eu não conseguia escutar o que ele dizia pela música alta. Demorei um certo tempo pra tirar o headphone.
"Você tá legal?" foi o que ele me perguntou. Os cabelos na altura do queixo, a barba por fazer, a camisa xadrez que ele usava com os coturnos nos pés, as luvas pra bike (aquelas que deixa os dedos de fora), o violão que ele carregava nas costas ou o cheiro de nicotina que praticamente me seduzia saindo pelas frestas dos seus lábios, tudo isso me hipnotizou por uma fração de segundos.
Eu queria responder que não estava, queria dizer que eu provavelmente havia fraturado alguma coisa ou pelo choque eu precisaria de terapia intensiva durante anos, só pra ele me levar até algum hospital e talvez pudéssemos fazer sexo selvagem sobre uma das macas. Mas ao invés disso, eu disse que estava, e ele foi embora.
Nunca me culpei por ser tão retardada até aquele dia. O que eu podia fazer? Eu era só uma garota estranha que quase morreu atropelada no meio da rua. Talvez se eu fosse mesmo atropelada talvez eu tivesse chamado mais atenção, ou talvez nem assim. O fato é que, depois disso, eu como a pessoa anormal que sou passei a stalkear o cara. Aquele dia eu tinha desviado o meu caminho, e passei a desviá-lo todos os dias só pra poder cruzar com ele e o seu violão. Dia desses eu segui ele por dois quarteirões, mas desisti na metade porque achei ele pudesse desconfiar de alguma coisa. 
Paixão é o caralho.

segunda-feira, 20 de janeiro de 2014

algumas merdas sobre o meu janeiro

Semana passada eu voltei a ver meu psicólogo finalmente. Eu estava ansiosa demais e, assim que entrei o consultório, falei desesperadamente durante vinte minutos. Eu fiquei bem nervosa e despejei nele toda a culpa por eu ter surtado logo no começo do ano (naquele dia do post anterior). Ele disse que na verdade a culpa do surto era toda minha o que só fez com que eu ficasse mais puta ainda e começasse a gritar pra valer. A pior merda de gritar com seu psicólogo é que não é uma briga qualquer, não é como em todas outras situações do tipo em que as duas pessoas dialogam. Eu gritei por um bom tempo e ele só ficou me encarando com o rosto sem expressão alguma, e no fim disse que talvez eu precisasse voltar a tomar medicamentos. Eu disse que ele precisava para de viajar e trabalhar mais, e se ele estivesse lá todas as semanas ninguém teria com o que se preocupar. Talvez ele tenha acreditado porque eu não to tomando merda nenhuma.

Eu acho que ele não entende a necessidade que eu tenho em falar com ele, em poder externar algumas coisas que eu não tenho coragem de falar pra mais ninguém. Quer dizer, agora eu tenho coragem de falar aqui, e talvez isso me torne um pouco menos dependente daquele cara. Mas só talvez. Pra vocês terem noção de algumas coisas sobre o que eu falo: tendencias homossexuais, atração por psicopatas e, as vezes, eu sinto uma vontade enorme de morrer. Agora, me diz como minha mãe frequentaria à missa de domingo, com todas as crenças que ela tem, sabendo que a filha dela se masturba assistindo garotas se chupando ou sente tesão quando vê caras empunhando uma faca? Ou que tem tendencias suicidas? Como eu disse antes, a minha mãe é a única coisa com a qual eu ainda me importo. E a merda da sociedade te julga sem pestanejar. Se eu dissesse que eu tô pouco me fodendo pro que dizem de mim, eu seria uma hipócrita. Eu me importo, e muito. A verdade é que, no fundo, todos se importam.

Eu não sou lésbica, ao menos não completamente. - viram como eu tenho a necessidade de me explicar? Porque me importo com o que até vocês, que nem sabem quem eu sou, vão pensar. - Se tem que rotular alguma coisa acho que sou bissexual, porque sinto tesão pelos dois gêneros. Mas a verdade é que eu odeio rótulos. Porque tem que ser a patricinha, a gótica, o viado, a sapatão, o nerd, o desempregado, a gorda, a louca? De verdade, pra que toda essa merda? É uma coisa que eu pequei uma certa raiva no colégio e no fim acabou me levando a odiar todos os rótulos, inclusive os de papel. Verdade. Eu costumo arrancar os dos shampoos, garrafas e tudo mais. Isso enfurece minha mãe. Então eu caio na eterna espiral se eu devo agradar a ela ou a mim mesma, no fim acabo não agradando ninguém. 

ps: Eu queria falar ainda sobre a minha tatuagem e sobre o que o meu psicólogo falou quando eu contei sobre o blog. Mas, acho que já deu por hoje.

domingo, 5 de janeiro de 2014

Que se foda essa filha da puta

Tão cansada de ouvir merda.
Tão cansada de passar a vida inteira ouvindo e ficar de bico calada.
Tão cansada de filha da puta vir gritar dentro da minha casa.
Que se foda.
Que se foda.

Q.U.E F.O.D.A!

Com todas as sílabas, vogais, letras e rolas nos cus que forem necessárias.
Apenas cansada de tanta filhadaputagem e ter que aguentar sem poder agredir ninguém, sem poder enfiar um garfo no olho e mandar se foder.
A vida toda fui alguém que escutava sem retrucar, que guardava a mágoa pra mim mesma pra depois chorar e xingar pelas costas. Cansei.
A única pessoa com quem me importo na vida é a minha mãe. A única, e a mulher vem levantar a voz pra ela dentro da minha casa!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!
Cara, nunca na vida aceitem viver sob o mesmo teto de cunhadas e agregados na porra da família. NUNCA.
Nem que pra isso você precisem morar debaixo da ponte e dividir um colchonete com um mendigo. E sobreviver de esmolas que você consegue no farol.
Algumas pessoas perguntaram qual que era o motivo das reclamações da minha mãe com o meu irmão. Bem, eu respondo pra vocês: é essa vadia.
O meu irmão foi do cara mais legal que eu conhecia no mundo para o mais babaca depois que conheceu essa mulher, e pior, depois que ele trouxe ela pra morar debaixo do mesmo teto que a gente.
Merda do dia que isso aconteceu.
O cacete da situação é que ele é manipulado, faz tudo que ela quer e não ver isso.
Consequentemente ela acha que a minha casa é dela e então vocês podem ver a merda que dá nisso.
Inferno.
Nessas horas que eu queria desaparecer, pra sempre.

ps: Desculpa por esse post ter sido apenas um balde de xingamentos e raiva resultantes da merda que é a minha vida enquanto eu escuto System of A Down no último volume e penso em formas de matar alguém. Prometo que o próximo terá alguma coisa de útil pra ler.